sábado, 2 de dezembro de 2017

A deusa solar Amaterasu: Antepassada divina da família real japonesa

Amaterasu é uma deusa importante do panteão da  religião Xintoísta. Ainda que seja considerada principalmente uma deusa do sol, acredita-se também que era a rainha de Takama No Hara (Alto Plano Celestial) que é o Reino dos kami ou espíritos. Essa deusa também tem sido identificada como o antepassado chave de todos os imperadores do Japão.

A monarquia japonesa é considerada a monarquia hereditária mais antiga do mundo que tem reinado ininterruptamente com suas raízes que remonta ao século VII A.C. Como muitas outras antigas monarquias, os imperadores do Japão faziam remontar sua ascendência a uma fonte divina, ainda que podia se dizer que existem certas diferenças entre a divindade do imperador japonês e as de outros reis que também proclamavam sua divindade.


Segundo a religião xintoísta, Amaterasu era a filha de izanagi e izanami, duas deidades primordiais consideradas responsáveis pela criação do arquipélago japonês. Amaterasu nasceu quando seu pai izanagi escapou do infra mundo após sua tentativa frustrada de resgatar a sua esposa morta. No rio Woto, izanagi realizou um ritual de purificação para se purificar. Enquanto o deus estava lavando seu olho esquerdo, nasceu Amaterasu.



Kobayashi Eitaku, Izanagi e Izanami, c. 1885.

Amaterasu sai da gruta


"Amaterasu vivia em uma gruta, em companhia de suas criadas, que lhes teciam cotidianamente um quimono da cor do tempo. Todos os dias de manhã, ela saía para iluminar a Terra. Até o dia em que seu irmão, Susanoo, (deus da Tempestade) em acesso de fúria destruiu campos de arroz (em outra versão descreve a ira de Deus, após uma negociação fracassada para retardar uma disputa entre os três irmãos de Amaterasu). Susanoo, infeliz com o feito, arremessou um cavalo celestial morto sobre os teares das criadas tecelãs. Amedrontadas, elas se estranharam, e uma delas morreu, perfurada por sua própria lançadeira. A deusa Amaterasu não gostou da brincadeira. Irritada, escondeu-se em sua caverna celestial e a luz sumiu para todo o sempre. O mundo congelou e os campos apodreceram. E o pânico foi semeado até no céu, onde ficavam os deuses, que como os Terrestres, também não viam nada. Os deuses temendo a escuridão eterna organizaram uma festa no início da caverna. Eles se reuniram e bolaram um plano. O deus da inteligência, Omoikane, pediu a todos que comparecessem ao redor da caverna e colocassem um espelho apontando para a entrada. Pediram a Uzume, a mais engraçada das deusas, que os distraísse diante da gruta fechada em que Amaterasu estava amuada. Uzume não usou de meios termos: pôs-se a dançar de forma provocante, exibindo suas partes íntimas com caretas irresistíveis. Estava tão divertida que os deuses caíram na gargalhada... Curiosa, Amaterasu não aguentou: entreabriu a pedra que fechava a gruta, e os deuses lhe direcionaram um espelho onde ela viu uma mulher esplêndida. Surpresa, ela se adiantou. Então os deuses agarraram-na e Amaterasu saiu para sempre de sua caverna celestial. O mundo estava salvo."
Amaterasu sai da gruta.


A descendência de Amaterasu

Amaterasu teve um neto com o nome de Ninigi-no-Mikoto, quem se convertera em rei do mundo terreno com seu pai, Ama-no-Oshiho-mimi, mas que se negava a assumir esse papel quando foi oferecido pela sua mãe. Amaterasu deu a seu neto três objetos mágicos para ajudá-lo em sua tarefa. Estes presentes foram Yasakani, uma jóia ou pérolas, Yata, um espelho e Kusanagi, uma espada: estes três elementos acabariam sendo conhecidos como patrimônio imperial dos imperadores do Japão.


Era o bisneto de Ninigi, Jimmu, que se tornaria o primeiro imperador do Japão no ano 660 AC. Em outras palavras, os imperadores do Japão rastreiam seus ancestrais à própria deusa Amaterasu. Ao longo da história do Japão, os imperadores foram considerados divinos. No entanto, isso não significava que o imperador fosse um ser sobrenatural. Em vez disso, significava que ele era responsável por realizar certos ritos para garantir que o kami protegesse o Japão e preservasse sua prosperidade. Por outro lado, o imperador teve pouco poder político na maior parte da história japonesa, até a Restauração Meiji.

Após a derrota do Japão pelos aliados durante a Segunda Guerra Mundial, o Imperador Hirohito foi forçado a renunciar à sua divindade. De acordo com os revisionistas, no entanto, o status divino do imperador não teria mudado após a guerra - foi apenas propaganda transmitida pelos vencedores em sua tentativa de quebrar o elo entre o imperador e o povo japonês. Em qualquer caso, entre os poucos japoneses que ainda veneram o imperador há mesmo aqueles que chegam à opinião de que o imperador não desempenha mais nenhuma função no mundo moderno.



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