sábado, 16 de dezembro de 2017

A reencarnação à luz da tradição hindu

A reencarnação, - tal como se entende atualmente no sentido de um retorno das almas individuais a outros corpos aqui na terra – não é uma doutrina indiana ortodoxa, senão tão somente uma crença popular.”

A.K Coomaraswamy – Gradation, Evolution and Reincarnation.

“É curioso observar que este término de “reencarnação” tem se introduzido nas tradições de textos orientais somente a partir de sua propagação pelo espiritismo e o teosofismo.”

René Guénon – Le Voile d’Isis, 1928, p 389-390.

“Tal e como ele (Rene Guenon) explica à longevidade, a reincorporação, a transmigração, a palingênese, a metempsicose e outros fenômenos (incluindo o lado mais sinistro relacionado com os resíduos psíquicos de um ser a outro), baseia-se ela mesma em um erro duplo: 

(1) Que pode haver uma continuidade do ego individual sem abandonar a condição humana e transmigrar através de sucessivos estados de existência.

(2) Que um ser (jivâtmâ bhûtâtmâ) pode repetir um determinado estado.

Deve ter ênfase, para terminar, em que, para um oriental, esta “crença popular” na reencarnação se volta virtualmente inócua por sua herança tradicional, que leva a intuir o essencial sem complicar nas definições. No entanto, o ocidental, cuja educação monoteísta lhe tem resguardado dessas perspectivas, é vulnerável quando se vê exposto a elas, e, com suas faculdades críticas e sua imaginação passional, é propenso a desviar-las em direções tortuosas que podem ridicularizar aparentemente a teologia e as doutrinas tradicionais relativas aos estados póstumos do ser.

‘“Não há nenhuma essência particular que se reencarne, disse Milinda Pana; e isto basta para recordar, como se afirma no Satapatha Brâhmana, que os mortos têm partido de uma vez por todas.”


Whitall N. Perry.- A Reencarnação. Fatos e Fantasias.

                                                            Revista Céu e Terra, 1984, nº 7, vol 3, p. 9-17.

“Sem a teoria indiana de reencarnação deve se considerar como uma crença popular, uma sorte de útil pedagogia espiritual, a ‘reencarnação’ em um animal deveria se entender metaforicamente como o passo a um estado periférico de maior limitação ontológica (em comparação ao estado humano central), análogo, mas não idêntico, ao que em nosso mundo representam plantas e animais.

Em outro sentido, para defender a teoria da reencarnação humana só se comenta no caso dos lamas tulku tibetanos. A ideia da corrente é que um lama anterior ‘reencarna’ em outro monge, que já menino reconhece os objetos do lama anterior quando estes lhe são apresentados entre outros de diversas procedências. Recordemos que estas provas para reconhecer ao sucessor de certa personalidade espiritual eram as utilizadas para eleger o novo Dalai Lama (também a eleição do Papa de Roma incluía métodos parecidos). Mas isto deve se entender – as obras de Marco Pallis são suficientemente claras a respeito- como a nova manifestação através da personalidade concreta humana de um mesmo poder espiritual. Trata-se, pois de uma influência supra individual  que se manifesta sucessivamente através de indivíduos distintos.”

Daniel Bonet, - Revista Céu e Terra, 1984, n 7, vol 3, p.19-20

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