quinta-feira, 1 de agosto de 2024

O Lamento das Sombras em Bolsa de Grife




Por Guilherme Bitencourt


Na vastidão do esplendor, onde o ouro reverbera,  

Ecos de uma opulência em que a alma espera,  

Erguem-se as torres de luxo e vaidade,  

Sobre fundações de silêncio e crueldade.


Nos corredores adornados com veludo e cetim,  

Onde o luxo dança ao som de um requintado festim,  

Esconde-se a sombra do labor inconsolável,  

De mãos que, caladas, são vítimas de um ciclo implacável.


O império da moda, com seu brilho insensato,  

Negocia com a dor em um pacto barato,  

Dior e seus signos de glória e resplendor,  

Eram tecidos com o sangue do trabalhador.


Armani e Zara, ícones da sublime estética,  

Vestem a miséria com uma capa de ética,  

Cada etiqueta, um grito silente de opressão,  

Que em suas marcas ecoa a triste canção.


No império oriental, sob a vigília austera,  

Os Uigures suportam a tormenta severa,  

Em campos de doutrinação, onde a liberdade é prisão,  

Para sustentar o luxo com um custo de opressão.


Nos profundos buracos da terra congolesa,  

Onde o cobalto é extraído com dor desmesurada,  

Crianças labutam sob um céu desolado,  

Para alimentar um mundo que é ávido e viciado.


Cada joia, cada peça, cada selo de grife,  

Esconde um lamento, uma vida no fife,  

Em um ciclo de exploração e sofreguidão,  

Que transforma a humanidade em mera decoração.


Ó senhores do esplendor, da arte e do cristal,  

Veem-nas suas colunas, o peso do mal?  

Que a beleza que ostentam é moldada no inferno,  

Onde a ética se dissolve em um desejo eterno.


Ergam, pois, a sua visão ao véu da verdade,  

E vejam o preço da vossa vaidade,  

Pois sob cada joia e cada peça de luxo,  

Esconde-se o pesar de um custo desumano e russo.


Assim, em cada verso, entoado em desventura,  

Fica a lição de uma justiça madura,  

Onde o brilho da elegância deve ser contemplado,  

Pelo peso de uma ética por muito negado.

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