Por Guilherme Bitencourt
Na vastidão do esplendor, onde o ouro reverbera,
Ecos de uma opulência em que a alma espera,
Erguem-se as torres de luxo e vaidade,
Sobre fundações de silêncio e crueldade.
Nos corredores adornados com veludo e cetim,
Onde o luxo dança ao som de um requintado festim,
Esconde-se a sombra do labor inconsolável,
De mãos que, caladas, são vítimas de um ciclo implacável.
O império da moda, com seu brilho insensato,
Negocia com a dor em um pacto barato,
Dior e seus signos de glória e resplendor,
Eram tecidos com o sangue do trabalhador.
Armani e Zara, ícones da sublime estética,
Vestem a miséria com uma capa de ética,
Cada etiqueta, um grito silente de opressão,
Que em suas marcas ecoa a triste canção.
No império oriental, sob a vigília austera,
Os Uigures suportam a tormenta severa,
Em campos de doutrinação, onde a liberdade é prisão,
Para sustentar o luxo com um custo de opressão.
Nos profundos buracos da terra congolesa,
Onde o cobalto é extraído com dor desmesurada,
Crianças labutam sob um céu desolado,
Para alimentar um mundo que é ávido e viciado.
Cada joia, cada peça, cada selo de grife,
Esconde um lamento, uma vida no fife,
Em um ciclo de exploração e sofreguidão,
Que transforma a humanidade em mera decoração.
Ó senhores do esplendor, da arte e do cristal,
Veem-nas suas colunas, o peso do mal?
Que a beleza que ostentam é moldada no inferno,
Onde a ética se dissolve em um desejo eterno.
Ergam, pois, a sua visão ao véu da verdade,
E vejam o preço da vossa vaidade,
Pois sob cada joia e cada peça de luxo,
Esconde-se o pesar de um custo desumano e russo.
Assim, em cada verso, entoado em desventura,
Fica a lição de uma justiça madura,
Onde o brilho da elegância deve ser contemplado,
Pelo peso de uma ética por muito negado.
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