Por Guilherme Bitencourt
No palco etéreo da vida, a carne é teatro
Onde a essência dança em sombras e lamentos,
E o ser, com seu casulo de ossos e sangue,
Desvela-se efêmero, em ciclos e tormentos.
Vivemos em nuvens de ilusão e medo,
A visão, mero espelho do sol fragmentado,
O córtex, o arquétipo da mente sem remédio,
Que molda o visível, ao invisível casado.
Os sentidos, fiéis servos de nossa sobrevivência,
São pontes frágeis para um abismo profundo,
O tato, o paladar, o olfato e a essência,
Convertem o etéreo em sentidos imundos.
Mas o cão vê além, e o morcego ouve o inaudito,
Nossas percepções, limitadas, são sombras no chão,
Cada ser, preso ao seu universo restrito,
Busca sentido na penumbra da sua própria visão.
O humano, espelho quebrado do cosmos distante,
Carrega no ventre a herança dos ancestrais,
Entre o desejo de eternidade e o sabor do instante,
É um enigma, um ser de enigmas imortais.
Nós, com 98% de DNA que compartilha o primitivo,
Nos ergueremos em monumentos de ouro e cristal,
Como se a vaidade, o prazer, o possesso intuitivo,
Fosse o escape de um vazio imortal.
E o trauma, lembrança antiga de feridas e gritos,
Desenha cicatrizes em um cérebro cansado,
Reproduzindo temores ancestrais infinitos,
Em um palco de dor, onde o passado é o fado.
E assim, neste teatro de ilusões e encanto,
O humano busca preencher o vazio que o assola,
Criando significados no vazio do espanto,
E sobrevive em sonhos que a mente consola.
Ó vida, espetáculo fugaz e efêmero,
Com tua sombra de ilusões e dor,
Permites ao ser, em teu seio, o mistério,
De dançar com o caos e abraçar o amor.
No labirinto do vazio, sob a lua e o sol,
A existência se desdobra em mil e um enredos,
E o ser, na sua jornada, busca o seu lençol,
Para cobrir a ilusão que o mundo lhe deu.
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